domingo, 2 de junho de 2013

UMA TARDE NO RIO


Preguiço na cama do tempo, como se ele fosse o relógio,

Onde os anos são horas,

Os meses os minutos,

Os dias segundos.

Percorro esse longo e íngreme caminho que me trouxe até aqui.

Vasculho na minha memória passagens que fizeram o meu livro de vida, que vou partilhando nos meus dois blogs, em forma de prosa, ou de poesia.

Vai daí, e já estou pronto para vos transmitir mais uma peripécia da minha adolescência, essa idade onde quase tudo nos é permitido fazer.

Só ainda não encontrei a definição correta, já que fico dividido entre:

Puberdade, ou pobre idade lol!

Seja lá como for, é dos patamares mais aparvalhados, mas dos mais belos da nossa existência.

Foi num dia, sob um sol escaldante que castigava o alto Douro, no pico do verão, que fomos até ao rio.

Era um ritual nosso, quando as temperaturas, nos convidavam a uns bons mergulhos, Naquele belo espelho de água, que banha aquela região.

O rio Douro, é o nosso ex-libris da paisagem, bem como responsável por aquele microclima que gozámos naquelas paragens.

Ténis, calções, t-shirt e boné montados nas nossas bikes aí estávamos nós prontos para uma tarde de grandes emoções.

Eramos seguidos de perto pelo Dique, o meu Cão, que estava eufórico porque já sabia onde íamos, pela direção que estávamos a tomar.

Tenho que reconhecer, que vestir um fato de pelo, em dias de calor não devia ser nada agradável.

Por isso toda a sua alegria efusiva.

Tínhamos que o reprender por vezes, já que se atravessava por entre as bicicletas, correndo nós o perigo de darmos um tombo.


Vá, Dique, calma!

Disse-lhe o André.


O caminho foi-se estreitando, seguíamos em fila indiana, o cão tomou a dianteira do pelotão.

Quanto mais nos aproximávamos, mais ele corria, língua de fora arfava com intensidade, agitando a cauda.

Nós pedalávamos a compasso.

Eis chegados.

Encostamos as bicicletas, tiramos as t-shirts e os bonés, e lá vai disto.

O Dique já estava todo encharcado.

Ladrava, expressando toda a sua alegria, e parecia dizer que a temperatura da água estava boa.

E, claro, provocando-nos para as brincadeiras que sempre fazemos com ele.

O Daniel o André foram os primeiros a lançarem-se a água, imediatamente seguidos por mim, o Rodrigo e o Rafael.

Sabíamos dos cuidados que tínhamos de tomar, já que 3 anos antes um rapaz de uma aldeia vizinha tinha morrido afogado num local mais acima.

Daí a nossa atenção.

Embora todos, nadássemos bem, mas de heróis está o cemitério cheio.

Entre braçadas piruetas e brincadeiras com o Dique, a quem lançávamos um pau, e logo ele se atirava a água para o ir buscar.

Também levamos uma bola, para darmos uns toques.

Estavam reunidos todos os requisitos para uma fantástica tarde de verão.

Não demorou, que mais gente chegasse.

O rio, era um ponto de encontro nos dias quentes.

Não tínhamos que nos preocupar com os nossos haveres, já que dessa tarefa o Dique se encarregava.

Ninguém estranho ao nosso grupo, ousava aproximar-se do sítio onde estavam as nossas coisas.

Tomava conta de tudo e até de nós.

Quando eu, ou o Rodrigo nos afastávamos mais da margem, ele ficava nervoso, ladrava freneticamente, como se nos estivesse a repreender.


Diogo, e Rodrigo, não nadem para longe, o cão não se cala!

Pedia o Rafa.


Nós eramos profundos conhecedores daquele local, mas não fosse o Diabo tecê-las.

Regressamos ao perímetro em que o Dique nos consentia estar.

Vá, tem calma já cá estamos meu lindo.

Disse-lhe o Rodri.

Ele cobria-nos de lambidelas de satisfação, por nos ter de volta.


Diogo, ao teu cão, só lhe falta falar lol!
Diziam os outros rapazes, que foram chegando.

Fizemos um joguinho de futebol, e rematamos com mais um bom e reconfortante mergulho.

Amarramos as t-shirts aos guiadores das bikes e começamos a pedalar para casa, disfrutando daquela frondosa paisagem em anfiteatro que a natureza nos oferecia.

Fizemos uma paragem junto de um pessegueiro onde comíamos os mais saborosos e suculentos pêssegos.

Ao longo do percurso, fomos colhendo algumas amoras, das quais eramos apreciadores.

O que na ida para o rio era fácil, já que íamos quase em roda livre, agora tínhamos que pedalar com mais afinco.

Em alguns pontos, o caminho tornava-se bastante sinuoso.


Já dava outro mergulho Diogo!

Dizia o Rafa.


Até eu, retorquio o Daniel.


Mesmo em tronco nu, o calor castigava.

Quando chegarmos a minha casa ligo a mangueira disse eu.


Diogo, tenho melhor ideia.


Qual André?


O meu Avô tem o tanque cheio, para regar mais logo, por isso podemos lá ir dar um mergulho.


Boa, isso mesmo.

Bora lá, só vou a casa, deixar o Dique, e vou lá ter convosco.

Abri o portão fronteiriço da minha casa, para o meu cão entrar.

Ele estava sequioso, e cansado.

Fiz-lhe uma festa, e segui viagem para casa do Avô do André, o Sr. Fonseca, um senhor muito simpático de quem todos nós gostávamos.


Então rapazes, não chegou o banho no rio?


Quando se chega aqui acima, já temos de tomar outro banho.

Respondeu-lhe o André.


Temos por arte mágica, inverter a posição do caminho!

Gracejou o Rodrigo.


Pois, para baixo todos os santos ajudam, o pior é na vinda.

Mas vocês são novos e valentes!

Vá divirtam-se.


Obrigado Sr. Fonseca.


De nada Diogo.


Se quiserem comer, tu André, conheces os cantos a casa, e a tua Avó prepara-vos um merendeiro.


Ok, Avô, obrigado.


Não viemos para aqui, para dar trabalho, disse-lhe eu.


Ora essa, Diogo mas que trabalho que carapuça.

Gosto de vocês, e são amigos do meu neto.

Em minha casa, os amigos são sempre bem recebidos, e vocês são da casa.

Esta, é uma das bandeiras, das gentes Alto-durienses, serem amigas do amigo, e hospitaleiras.


Até logo rapazes.


Até logo, dissemos nós em uníssono.


DIOGO_MAR

 

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