Preguiço na cama do tempo, como se ele fosse o relógio,
Onde os anos são horas,
Os meses os minutos,
Os dias segundos.
Percorro esse longo e íngreme caminho que me trouxe até
aqui.
Vasculho na minha memória passagens que fizeram o meu livro
de vida, que vou partilhando nos meus dois blogs, em forma de prosa, ou de
poesia.
Vai daí, e já estou pronto para vos transmitir mais uma
peripécia da minha adolescência, essa idade onde quase tudo nos é permitido
fazer.
Só ainda não encontrei a definição correta, já que fico
dividido entre:
Puberdade, ou pobre idade lol!
Seja lá como for, é dos patamares mais aparvalhados, mas dos
mais belos da nossa existência.
Foi num dia, sob um sol escaldante que castigava o alto
Douro, no pico do verão, que fomos até ao rio.
Era um ritual nosso, quando as temperaturas, nos convidavam a
uns bons mergulhos, Naquele belo espelho de água, que banha aquela região.
O rio Douro, é o nosso ex-libris da paisagem, bem como
responsável por aquele microclima que gozámos naquelas paragens.
Ténis, calções, t-shirt e boné montados nas nossas bikes aí estávamos
nós prontos para uma tarde de grandes emoções.
Eramos seguidos de perto pelo Dique, o meu Cão, que estava
eufórico porque já sabia onde íamos, pela direção que estávamos a tomar.
Tenho que reconhecer, que vestir um fato de pelo, em dias de
calor não devia ser nada agradável.
Por isso toda a sua alegria efusiva.
Tínhamos que o reprender por vezes, já que se atravessava
por entre as bicicletas, correndo nós o perigo de darmos um tombo.
Vá, Dique, calma!
Disse-lhe o André.
O caminho foi-se estreitando, seguíamos em fila indiana, o cão tomou a dianteira do pelotão.
Quanto mais nos aproximávamos, mais ele corria, língua de
fora arfava com intensidade, agitando a cauda.
Nós pedalávamos a compasso.
Eis chegados.
Encostamos as bicicletas, tiramos as t-shirts e os bonés, e
lá vai disto.
O Dique já estava todo encharcado.
Ladrava, expressando toda a sua alegria, e parecia dizer que
a temperatura da água estava boa.
E, claro, provocando-nos para as brincadeiras que sempre
fazemos com ele.
O Daniel o André foram os primeiros a lançarem-se a água,
imediatamente seguidos por mim, o Rodrigo e o Rafael.
Sabíamos dos cuidados que tínhamos de tomar, já que 3 anos
antes um rapaz de uma aldeia vizinha tinha morrido afogado num local mais
acima.
Daí a nossa atenção.
Embora todos, nadássemos bem, mas de heróis está o cemitério
cheio.
Entre braçadas piruetas e brincadeiras com o Dique, a quem
lançávamos um pau, e logo ele se atirava a água para o ir buscar.
Também levamos uma bola, para darmos uns toques.
Estavam reunidos todos os requisitos para uma fantástica
tarde de verão.
Não demorou, que mais gente chegasse.
O rio, era um ponto de encontro nos dias quentes.
Não tínhamos que nos preocupar com os nossos haveres, já que
dessa tarefa o Dique se encarregava.
Ninguém estranho ao nosso grupo, ousava aproximar-se do sítio
onde estavam as nossas coisas.
Tomava conta de tudo e até de nós.
Quando eu, ou o Rodrigo nos afastávamos mais da margem, ele
ficava nervoso, ladrava freneticamente, como se nos estivesse a repreender.
Diogo, e Rodrigo, não nadem para longe, o cão não se cala!
Pedia o Rafa.
Nós eramos profundos conhecedores daquele local, mas não fosse o Diabo tecê-las.
Regressamos ao perímetro em que o Dique nos consentia estar.
Vá, tem calma já cá estamos meu lindo.
Disse-lhe o Rodri.
Ele cobria-nos de lambidelas de satisfação, por nos ter de
volta.
Diogo, ao teu cão, só lhe falta falar lol!
Fizemos um joguinho de futebol, e rematamos com mais um bom
e reconfortante mergulho.
Amarramos as t-shirts aos guiadores das bikes e começamos a
pedalar para casa, disfrutando daquela frondosa paisagem em anfiteatro que a
natureza nos oferecia.
Fizemos uma paragem junto de um pessegueiro onde comíamos os
mais saborosos e suculentos pêssegos.
Ao longo do percurso, fomos colhendo algumas amoras, das
quais eramos apreciadores.
O que na ida para o rio era fácil, já que íamos quase em
roda livre, agora tínhamos que pedalar com mais afinco.
Em alguns pontos, o caminho tornava-se bastante sinuoso.
Já dava outro mergulho Diogo!
Dizia o Rafa.
Até eu, retorquio o Daniel.
Mesmo em tronco nu, o calor castigava.
Quando chegarmos a minha casa ligo a mangueira disse eu.
Diogo, tenho melhor ideia.
Qual André?
O meu Avô tem o tanque cheio, para regar mais logo, por isso podemos lá ir dar um mergulho.
Boa, isso mesmo.
Bora lá, só vou a casa, deixar o Dique, e vou lá ter
convosco.
Abri o portão fronteiriço da minha casa, para o meu cão
entrar.
Ele estava sequioso, e cansado.
Fiz-lhe uma festa, e segui viagem para casa do Avô do André,
o Sr. Fonseca, um senhor muito simpático de quem todos nós gostávamos.
Então rapazes, não chegou o banho no rio?
Quando se chega aqui acima, já temos de tomar outro banho.
Respondeu-lhe o André.
Temos por arte mágica, inverter a posição do caminho!
Gracejou o Rodrigo.
Pois, para baixo todos os santos ajudam, o pior é na vinda.
Mas vocês são novos e valentes!
Vá divirtam-se.
Obrigado Sr. Fonseca.
De nada Diogo.
Se quiserem comer, tu André, conheces os cantos a casa, e a tua Avó prepara-vos um merendeiro.
Ok, Avô, obrigado.
Não viemos para aqui, para dar trabalho, disse-lhe eu.
Ora essa, Diogo mas que trabalho que carapuça.
Gosto de vocês, e são amigos do meu neto.
Em minha casa, os amigos são sempre bem recebidos, e vocês
são da casa.
Esta, é uma das bandeiras, das gentes Alto-durienses, serem
amigas do amigo, e hospitaleiras.
Até logo rapazes.
Até logo, dissemos nós em uníssono.
DIOGO_MAR
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