quarta-feira, 29 de maio de 2013

O MEU LEGO



Lembro hoje, com ternura muitos dos meus brinquedos, que em cada fase da minha vida, me proporcionaram momentos únicos, de prazer.

O meu lego, e um exemplo acabado disso mesmo.

Todas as construções que eu fazia, dando largas a minha imaginação.

Carros, aviões, castelos, bombas de gasolina, camiões.

Sozinho, ou com os meus amigos, ele era efetivamente um atrativo as nossas brincadeiras.

Era um privilegiado já que cada caixinha pequena de lego chegava a custar 500 escudos.

Isto só estava ao alcance de alguns, mas que os meus Pais me presenteavam, sabendo do enorme prazer que me dava fazer lego.

Eram tempos diferentes dos de hoje, mas que tenho a sensação, que para lá estamos a caminhar.

Já que volto a assistir a clivagens sociais de veras preocupantes e até mesmo assustadoras.

Hoje mais que nessa altura, porque neste espaço de tempo perderam-se muitos dos valores solidários, que outrora tínhamos, e que norteavam a nossa conduta de vida.

Hoje cada um olha para o seu umbigo, pavoneando os seus bens materiais.

Nesse tempo as pessoas quase não tinham que se expor, para dizerem que tinham fome.

Nós eramos vizinhos de proximidade, que sabíamos quem na verdade precisada de ajuda, e dizia-mos presente.

Hoje, tudo é diferente, temos fome na porta ao lado da nossa, mas por desconhecimento, ou porque queremos ignorar,

Pouco ou nada fazemos.

Mas voltando, as minhas coloridas e criativas construções de lego, por vezes carregadas de muita ilusão e de sonhos, dos objetivos de qualquer miúdo de 9 anos.

Uma casa grande, um carro era tudo aquilo que eu acalentava.

Lembro-me de um dia em que se levantou vento,

A cortina da janela do meu quarto resolveu ir dar um abraço a uma grande construção que eu tinha feito, E que se encontrava pousado na cómoda.

Era um avião enorme e muito bonito.

Levou-me semanas a construir.

Sim, digo era, e sabe porquê?

Quando no retorno da cortina para o seu sitio,

Ela arrastou uma das azas, que por sua vez precipitou todo o meu avião, fazendo em pedaços.

Quando mais tarde regressei ao meu quarto, dei de caras com um autêntico mar de lego, por tudo quanto era canto.

Claro está que soltei uns impropérios e roguei algumas pragas ao vento.

Bom, só me restava recolher tudo para dentro de uma enorme caixa, e pensar numa outra construção, que havia de tornar realidade, assim como muitos dos meus sonhos.

Fiquei com um sentimento de perda, mas a que fazer das fraquezas forças, e não cair em desânimo.

Eu adorava sentar-me no chão a dar corpo através do lego ao que eu idealizava.

Espalhava tudo, para ser mais fácil visualizar as peças que queria, e dessa forma tornar o meu trabalho mais desenvolto.

Nem os meus Pais se atreviam a entrar no meu quarto nestes momentos.

Enquanto eles fugiam, da confusão, eu estava feliz afogado no lego.

Mas para o senário estar perfeito, dava sempre uma fugida ao armário da cozinha, a buscar as línguas-de-gato, que ainda hoje sou grande apreciador.

Elas já tinham ganho um lugar de destaque na lista de compras lá de casa.

Esquecia-me das horas, perdia-me no tempo.

Também com 9 anos que pressa queria eu ter?

Tinha todo o tempo do mundo.

Só dava conta das horas quando a minha mãe me chamava para as refeições.

Diogo!

Sim Mãe!

Já vou!

Sempre gostei da minha pacatez e do meu quarto.

É aqui que tenho os meus brinquedos, e a coleção de peluches, que um destes dias vos ei-de trazer uma história.

Em suma é o meu espaço, e o palco de todas as minhas vivências, sonhos e ilusões!

 

DIOGO_MAR

terça-feira, 14 de maio de 2013

Lixo Humano


Sempre fui dado a princípios, que os meus Pais me incutiram.

Ainda hoje sigo e não abdico desse trilho, perdido e adulterado por muita gente, que de uma forma selvática violentam e a trucidam todos esses valores.

Não consigo entender, o galdi-o infame do ser humano que permite e alimenta essa conduta de vida.

Mas pergunto eu, isso é vida?

Não consigo conceber, a vida vivida num pântano lamacento, de mentira covardia e indiferença.

Abro a janela do tempo para dentro de mim, e coabito com aqueles que fazem parte da minha vivência de uma forma íntegra e vertical.

Presando pelos seus princípios de homem no sentido lato do que é efetivamente ser homem.

E devo dizer-vos, que já começa a rarear essa qualidade impar, de ser Homem.

Ainda lembro da frase que tantas vezes ouvia proferir.

A palavra vale mais que o dinheiro.

Hoje, já nada é assim, o dinheiro compra tudo, até mesmo como dizia a minha avó, as almas.

A fome desenfreada por atingir o sucesso seja lá a que preço for, quer numa carreira profissional quer no status social, fez o ser humano entrar em queda libre.

Tudo e todos se atropelam, cilindra-se o amigo para poder atingir os objetivos.

O exibicionismo pessoal, ostentando as marcas dá protagonismo.

A prostituição de carater e personalidade, e porque não dizê-lo física, eleva ao topo da carreira profissional e aos píncaros da fama.

Uma autêntica passerelle de verdadeiros jogos de interesses.

O que mais me preocupa, são os filhos nascidos destes Pais que nunca souberam educar, porque também eles apagaram os valores que lhes foram incutidos.

Tudo pela fatura do materialismo implacável.

Por tudo isto temos uma geração criada numa redoma de vidro, autenticas flores de estufa, regadas e alindadas para o mundo.

Pena é que seja para um mundo artificial onde pontifica a vaidade egocêntrica de um aparato podre.

Estes são os futuros homens e mulheres do amanhã, de um mundo egoísta onde já não cabem os valores.

De resto, já nem sabem o que isso é.

 

DIOGO_MAR