terça-feira, 4 de março de 2014

FRAGA ALTAR DA MINHA ALDEIA




Fraga encarquilhada pelo tempo, que se perde na história

Fraga gélida, imponente e com memória.

 


A erosão que o vento te castiga,

Faz um enlace ao traçado da minha vida.

 


A tua imponência rugas e frieza

Dão contornos únicos a tua beleza.

 


Deitado no teu colo a ouvir as histórias que tens para mim

Fechei os olhos viajei no tempo

Folheei o livro do sem fim!

 


Acariciava as tuas rugas, e as gretas expostas ao tempo

No meu ouvido ecoava a tua voz, chorava de tristeza dor e de sofrimento.

 


Fraga gigante confidente do universo

Brotas palavras tão belas que não cabem neste verso.

 


As feridas rasgadas pelo vento agreste, desventrando o teu corpo

Numa luta titânica contra o tempo, trespassaram-te deixando morto.

 


Ó fraga altiva e serena, guardiã de histórias que se perdem no tempo

Sussurras-me ao ouvido a melodia do sentimento.

 


Gosto de te contemplar, lá no alto da serra, como se fosses o adamastor

A herança que em ti encerras, é o testemunho do meu amor.

 


Amor que simbolizas, nesse corpo rude, escarpado e sofrido

És a bela de uma história onde fico adormecido.

 


Fraga da minha aldeia, marco geodésico altar para o mundo

Carregas aos ombros, séculos de lendas e mitos onde me perco feito vagabundo!

 


Património de Deus ou do homem, um testamento inacabado

Doaste-me um pedaço de ti, que ainda hoje guardo.

 


A tua voz, num murmúrio trémulo de saudade

Agastada pelos longos anos sem idade.

 


Viste o meu primeiro beijo, aquele que roubei

Fraga amiga, não contes a ninguém, eu também não contarei!

 


Um beijo de inocência da minha tenra infância

Dos verdes anos da minha adolescência.

 


Ainda hoje lá moras, adormecida dentro da tua altivez

Fraga da minha história

Acorda!

Diz comigo

Era uma vez?

 

 

 

DIOGO_MAR

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

UMA BOLA QUADRADA




Corpo franzino, moreno, olhos pretos, cabelo grisalho de olhar e explícito, ele era o um campeão, a jogar a bola.


A garra e entrega que evidenciava a jogar, faziam dele um ídolo, da nossa turma, e da escola em campeonatos interescolares.


O Daniel, era idolatrado por todos nós.


Vai Daniel, marca!


Golo!!!


O seu nome, ecoava pelos campos onde a nossa turma, e escola ia jogar.


Ele, não era um aluno brilhante, longe disso, mostrava grande falta de concentração, e uma enorme revolta.


Na sala de aulas ocupava sempre os últimos lugares.


Método simplista, de o marginalizar, ou exclui-lo, do resto da turma, com o qual eu, não concordava.


Ainda lembro, a repreensão que levei da professora, por me ter manifestado contra aquela atitude.


Eu era o seu melhor amigo.


Não esqueço o dia em que o Daniel, com voz trémula soltou o desabafo, dizendo.


 


Pois, aqui eu não sirvo para nada, só quando jogamos à bola é que se lembram de mim.


A isso chama-se hipocrisia.


 


Bem o compreendia, já que vivia-mos na mesma aldeia, ele fazia parte do meu grupo de amigos, muitas vezes confidenciava-me, a tristeza que lhe ia na alma.


O futebol, era o escape da sua raiva.


Fazia-se sempre acompanhar do boné, e a bola, debaixo do braço, era a sua imagem de marca.


A vida do Daniel não era nada fácil.


Vivia com a Avó, uma senhora já de alguma idade, criando um foço que descambava, num conflito de gerações.


As dificuldades económicas eram latentes.


Não fosse o sentido solidário que reinava na aldeia, a alguns só lhes restava, a institucionalização.


Quadro esse, que o Daniel rejeitava de forma categórica.


Muitas vezes desabafava comigo dizendo.


 


Diogo, por vezes pergunto a mim mesmo, para quê que nasci.


Os meus Pais nem se lembram que existo.


 


Ia chutando a bola, contra o muro a compasso, matando as pausas que se faziam na conversa.


Isso até que era verdade, o Pai do Daniel, há muito que tinha imigrado para o Brasil, a Mãe, havia enveredado pelo caminho da prostituição, vindo depois a juntar-se com um homem, do qual já tem um filho.


Recordo, uma tarde que estávamos a jogar berlindes, no pátio da casa do Daniel, quando ela chegou.


 


Olá Filho!


Estás grande e bonito.


 


O Daniel manteve-se imóvel, ignorando a presença dela.


 


Não me dás um beijo?


 


Eu não costumo beijar estranhos.


 


Trago-te aqui um spectrum 48k e jogos.


 


Pensava ela estar a dar-lhe um grande presente, mas o Daniel foi incisivo e lacónico.


 


Vens dar-me isto, para quê?


Visitas-me duas ou três vezes no ano, para me dares presentes, mas ignoras o que eu mais preciso.


Sabes o que é?


Pois, pela tua cara, já vejo que não.


Vives com outro homem, de quem já tens um filho, e eu?


Sou o suplente?


É isso?


Estou para aqui esquecido e abandonado nesta aldeia com a minha Avó, que tudo faz por mim, mas o que eu mais queria, era ter Pai, e Mãe!


Dele não sei nada, e de ti nada sei, nem quero saber.


Eu não quero prendas, quero sim, amor e carinho.


Quero ser um adolescente como os outros.


Vens-me trazer presentes, usados pelo teu outro filho?


O que para ele, já não serve, trazes para mim?


Eu não sou caixote de lixo.


Nem sou o outro!


Sei que infelizmente sem ter feito nada por isso, sou filho de um Deus menor.


Tu alimentas esta injustiça, à 8 anos haver dois pesos e duas medidas.


Ou tornei-me teu enteado?


Foi isso?


Faz-me um favor.


Esquece que eu existo.


Não te quero ver mais.


Não me procures.


Eu morri.


Vai-te embora, e leva o que trouxeste.


Se já não serve para ele, também não ade servir para mim.


Ou então, dá a uma instituição.


 


Colocou o braço sobre os meus ombros, e acrescentou.


 


Os meus amigos da aldeia, não se esquecem de mim, com eles, sei que poço incondicionalmente contar.


Exemplo disso, é o Diogo, e a família dele.


Deixa-me em paz, e segue o teu caminho.


 


Senti-me confrangido perante tal situação.


Tem calma Daniel.


 


Diogo, tu és o meu melhor amigo, conheces-me como ninguém, e sabes que sou frontal.


 


Mas Daniel, é a tua Mãe!


 


Avó, ser Mãe é estar presente, é dar amor e carinho.


Ao longo destes anos ela teve um só dia para estar comigo?


Diga lá, teve?


Acho que o único tempo que teve para mim foi para me dar à luz.


Para me trazer a este mundo de sofrimento.


Desaparece.


Quando faço anos nem sempre te lembras da data.


Agora que estamos a chegar ao Natal, apareces com as sobras do teu filho, sim porque esse é o teu filho.


Eu, sou aquele que estou para aqui, a quem tu nem um telefonema fazes.


Nem te preocupas como vou na escola, nem se estou doente, ou a passar fome.


Como queres que eu veja em ti uma Mãe?


Sabes, não sou hipócrita.


Prefiro as verdades, mesmo que elas magoem, que a mentira, ou fingimento.


Alguma vez quiseste saber qual foi a minha primeira palavra que escrevi?


Foi Mãe.


É o que não tenho.


Olhar para ti, ou para uma outra mulher, é a mesmíssima coisa.


No teu olhar nunca vi ternura, e ânsia por mim.


Vejo sim, frieza, e distância.


Acho que perdeste a noção do tempo.


O Daniel, cresceu, já tenho 12 anos.


Chegas junto de mim, e perguntas.


Está tudo bem filho?


Achas, que está?


 


Mas eu, Daniel.


 


Não, não quero que te desculpes, e muito menos que te justifiques.


 


Mas filho, ouve-me!


 


Não me venhas com mais falsas promessas.


Eu não quero, nem preciso das tuas esmolas, nem dos brinquedos que o teu outro filho já não usa.


Não me compram, com bens materiais.


Sabes, a minha vida é uma bola, só lamento, que seja uma bola quadrada!


Mas ainda hei-de, marcar muitos golos, na baliza da vida!


Irei festejar as vitórias, e aprender com as derrotas.


Mas tudo farei, para ser sempre justo!


 


 


DIOGO_MAR

sábado, 11 de janeiro de 2014

O JOELHO DA SOLIDARIEDADE



Aquela manhã despertou sob um denso manto de neve.

Da janela do meu quarto, gozava de uma paisagem de privilégio, já que a casa da minha Avó, fica inserida numa quinta sobranceira ao povoado.

De pantufas, pijama e com a minha mantinha por sobre os ombros, numa casa devidamente aquecida, aquela janela era a linha de fronteira entre o doce e o agreste.

Eu já sabia que os invernos por estas paragens são rigorosos, uns mais que outros, mas sempre castigadores.

Os velhos dizem que é bom presságio que assim seja.

A sabedoria do grupo que frequenta o largo da aldeia, diz que a neve trata da terra mata a bicharada, tornando o solo mais fértil para as sementeiras.

Eles bem que sabiam interpretar o livro da vida onde o tempo é o mestre.

Estava rendido a tão belo fenómeno.

Eis que ecoa nos meus ouvidos a voz doce e terna da minha avó.



Diogo, vem tomar o pequeno-almoço.




Soltei mais um bocejo retardatário.
Sim Avó, já desço!

O frio que está lá fora, transmitia-me uma vontade acrescida de preguiçar, e quanto mais junto da lareira melhor.

Como eu dizia muitas vezes fazer vida de gato, deitado no escano, a ler um livro, a compasso do crepitar da lenha.

Chegado à mesa, lá me esperava o que eu apelidava de manjar do marquês.

De resto, não sei porquê, os netos estão sempre magros aos olhos dos Avós!

Pão, compotas variadas, feitas pela minha Avó bem como a marmelada.

Mas não ficava por aqui.

Torradas queijo, fiambre presunto e até por vezes ovos mexidos.

Tudo isto acompanhado por leite e café feito numa grande cafeteira com água onde se dissolvia o pó do café.

Por isso batizei-o, café da Avó.

Era delicioso.

Ela repetia a frase:



Vá come Diogo, tens de ficar forte.

Come o que quiseres.



Eu sei Avó, obrigado.

Era tratado de forma principesca.

Nada podia faltar ao neto.

Por tudo isto os meus Pais, gracejavam dizendo:



A tua Avó estraga-te com mimos!



Já com o estômago devidamente aconchegado, fui ter com os meus amigos da aldeia, ouvindo os concelhos que ela me dava, para me agasalhar bem, e ter cuidado com os sítios para onde ia brincar.



Diogo, quando ouvires o relógio da torre da igreja dar as badaladas do meio-dia, chega-te para casa.



Sim Avó.

Despedi-me dela com um abraço e o beijinho que tanto gosta e merece.

Era muito bonita, tinha um olhar doce e terno, uma ou outra impressão digital, que o tempo havia gravado no seu lindo rosto em forma de ruga.

Lá fui a conquista dos montes e vales, ao encontro dos meus amigos.

Embora tivesse bicicleta, o piso estava com gelo, e neve que inviabilizava a sua utilização.

Logo ouvi chamar por mim.



Diogo!



Veio o Rui, esbaforido ao meu encontro.



Anda estamos no adro da igreja a jogar futebol.



Bora lá vamos para ver se aqueço.



Hoje está mesmo muito frio, não está Diogo?



Mesmo!

Já quase junto do grupo escorrego numa placa de gelo, embatendo com o joelho esquerdo numa pedra, estatelando-me ao cumprido sobre aquela coisa tão fria.

Soltou-se uma gargalhada em uníssono.



Então Diogo?

Já não te seguras de pé?

Dizia outro:

O que bebeste ao pequeno-almoço pa?



Esbocei um sorriso, misturado com uma máscara de dor.

O Rui ajudou-me a levantar.

Caminhei para junto deles, mas logo me sentei.

As dores tornavam-se mais intensas.



Então Diogo, não jogas?



Não, o joelho está a doer-me bastante.

Subi a perna esquerda da calça, e deparei-me com um cenário que me assustou.

O joelho havia enxado de forma galopante.

Foi então que eles se aperceberam da gravidade da minha situação.



Ei!!! É melhor chamar uma ambulância!



Todos procuravam uma forma de me ajudar.

Uma certeza tinha, não conseguiria chegar a casa pelo meu pé.

E a minha Avó, como ia ficar!

Foi então que o Rui tomou o comando das operações.



Vá, em vez de estarmos aqui a lamentar vamos levar o Diogo para casa.

Eu vou do teu lado esquerdo põe o braço por sobre os meus ombros e dessa forma já não apoias o pé no chão.



Rui, espera, eu vou ver se o meu Pai, ainda não saiu, ele leva-o de carro, disse o Jorge.




Ok, vai rápido!



As dores eram intensas, eu tentava suster as lágrimas.

Era confortado por todos.



Tem calma Diogo, vais ver que não é nada de grave.



Eis que se ouve o barulho do motor de um carro.

Era o Pai do Jorge.



Então rapaz, o que te aconteceu?



Escorreguei no gelo, bati com o joelho numa pedra e não consigo andar.

As lágrimas já irrompiam.



Mostra lá.

Eilá! Isto está feio, melhor é irmos diretamente ao hospital!



Não por favor não.

Quero a minha Avó.

Leve-me até ela se faz favor.



Claro que sim, mas se achar por bem, levo-te em seguida ao hospital.



E o Sr. João o endireita?

Questionou o Rui.

Não acha uma boa ideia Sr. Henrique?



Olha, agora é que falaste acertado Rui.

Vamos diretos lá, pode ser que ele nos diga o que será melhor fazer.

Queres Diogo?




Sim quero.



Vá eu ajudo-te.



Pegou em mim meteu-me no banco traseiro, só pode vir um comigo.



Não te importas que eu vá com o teu Pai Jorge?



Claro que não Rui.




Vamos lá rápido.



Chegados a casa do Sr. João, ele estava a tratar dos animais, a esposa foi chamá-lo, era uma casa de lavoura, mas muito asseada.



Então Henrique, o que te traz por cá?



Desculpe vir chateá-lo trago-lhe o neto da dona Rita, que Rita?



Da quinta dos Sonhos.



A da serra?



Sim essa mesmo.



Senta aqui neste banco, como te chamas?



Diogo.



O que te aconteceu?



Escorreguei numa placa de gelo, e embati com o joelho numa pedra, dói-me muito.



Tira essa perna para fora das calças.

Ora deixa la ver.

Chi! Isto está muito enxado!

Eu vou mexer, vais ter que ser forte, ok?



Sim,

Segurei com força a mão do Rui.



Podes apertar Diogo, força!



Amordacei o berro, as lágrimas rolavam em fio.

Senti-me desfalecer.

Lembro, de ser amparado pelo Rui, e pelo Sr. Enrique.

Depois, acordei deitado numa cama, ao som do tique taque de um relógio de cabeceira.



Então, já estás melhor?



Sim, eu desmaiei não foi?



Exatamente Diogo.

Bebe este copo de água com açúcar.



Desculpem, só estou a dar trabalho.

Olhei as horas no velho relógio, 12 e 30.

Tenho de ir, a minha Avó, já deve estar a ficar preocupada, ela recomendou-me que fosse para casa, pós as badaladas do meio-dia.



Tem calma Diogo, atua Avó já sabe o que aconteceu, e que estas aqui.



Meu deus Rui, deve estar muito preocupada. Quero ir para junto dela.



Já vamos, só estávamos a espera que ficasses melhor.



Obrigado Sr. Enrique, e Sr. João.





Não vai ser necessário ir ao hospital pois não?



Não Diogo.

Mas não vais poder exercer preção sobre a perna durante 10 dias.

Vais ter de estar em repouso.

Fizeste um traumatismo violento, que desenvolveu um processo inflamatório agudo.

Mas nada de grave.



Estava de joelho ligado, e com menos dores.

O Sr. João, era o massagista da equipa de futebol la da terra.

Dizem que tem mãos milagrosas.



Vais esfregar 3 vezes ao dia esta pomada, feita por mim, com ervas medicinais e tem que se comprar na farmácia este antinflamatório.



Ok Sr. João, eu desde já lhe agradeço muito, e depois a minha Avó faz contas com o Sr.



Deixa lá isso rapaz, o importante é que fiques bom, e eu um destes dias passo lá para te fazer uma visita.



Com todo o gosto!



Chegado a casa fui ajudado por todos os meus amigos, que me esperavam na sala.

Abracei a minha Avó, e confortei-a.

Já estou melhor Avó, já passou o susto.

Tenho fome!

Ri, para desanuviar o clima.



Os teus Pais o que vão dizer!



Dona Rita, aconteceu ao Diogo, como podia acontecer a um de nós.



Avó, tu sabes que eles vão compreender!



Henrique, obrigado, e quanto lhe devo?



Ora essa dona Rita, não deve nada, só falta ir comprar um antinflamatório, eu de tarde tenho de me deslocar a vila, e poço trazer.



Já lhe dou o dinheiro e desculpe toda esta trabalheira.



O importante, são as rápidas melhoras do Diogo.



Obrigado Rui, e a todos claro.



Obrigado por quê dona Rita.

Até parece que não conhece os hábitos da nossa aldeia.

Um por todos, e todos por um.



Quero agradecer-vos, em me terem dado esta grande prova de amizade.



Está bem Diogo, agora, o importante é ficares bom, e não esqueças, repouso.



Bom vamos andando.



Depois do almoço venham até cá.

Jogamos monopólio, e batalha naval!



Ok, combinado!



Fixe, assim tenho-vos junto de mim, e os dias tornam-se mais agradáveis.



Eu vou buscar a casa uma canadiana esquerda para te trazer.

Tenho lá um par, quando o meu irmão teve o acidente de mota.



Obrigado Rui, és um amigão.



Vai e avisa que almoças aqui.



Está bem dona Rita, obrigado, volto já.



O Rui era como um neto para a minha Avó, já que acompanhou muito de perto o seu crescimento, a Mãe dele, trabalha na quinta dos meus Avós.

Estava a ter mais uma grande e inequívoca prova, da solidariedade que impera nas gentes daquela aldeia.

Agora já estava mais confortável, sob a proteção carinho, e amor da minha Avó, e da grande amizade dos meus amigos, onde se destaca o Rui, que sempre foi o meu eleito.

O Ruca para os amigos!!!

 

 

 

DIOGO_MAR

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

O MEU PRIMEIRO ANIVERSÁRIO


 
Olá a todos:
Quero desde já agradecer, as visitas que vão fazendo a este blog, que completa hoje um ano de vida.
Sou o parente mais novo do meu irmão PALAVRAS DO MAR, esse com dois anos feitos, no passado mês de Dezembro de 2013.
Nasci no dia mundial da paz.
É sob esse lema que o meu Pai Diogo_Mar me concebeu.
Ele diz que a razão da minha existência, tem como intuito contar vivências da sua adolescência, e acrescenta dizendo, que nutre por mim um carinho muito especial, o que me deixa naturalmente feliz.
O meu nome surge de uma mantinha que ele sempre teve a cabeceira da sua cama, de resto, ainda hoje essa mantinha faz parte da docilidade da nossa casa.
Bom, espero que ele não leve a mal esta minha inconfidência!
Falar do meu Pai é falar de algo MUITO importante e especial, por todo o empenho e exigência que empresta ao nosso crescimento.
Não há qualquer tipo de ciúme entre mim, e o meu irmão PALAVRAS DO MAR, reconheço as nossas diferenças, mas no fundo fazemos uma permuta de conhecimentos e experiências, da qual saímos a ganhar, não podia ser de outra forma, somos indissociáveis.
Embora ele use uma linguagem mais rendilhada, sei que segue atentamente o que vou contando aqui.
O mesmo faço eu, em relação a ele.
O nosso Pai, diz, que a razão da nossa existência, está na forte paixão, que evidencia pela escrita.
Isso até que é verdade, já que são muitas as histórias em poesia ou prosa, que podem ler no meu corpo, são as marcas que o tempo não apagou.
Não sou um blog infantil, embora reconheça que muitas das histórias que vos conto os transportem à vossa tenra idade.
São lições de vida, que fazem parte do livro da memória.
Situo-me no patamar, entre os 10 aos 15 anos.
O meu Pai, diz que pobre do adulto que não tem uma criança dentro de si, é porque está irremediavelmente doente.
Ele tem uma facilidade extrema de interiorizar e descer ao meu mundo.
Nunca se colocou num pedestal de patriarca altivo.
Bem pelo contrário, brinca connosco, como se de uma criança se trata-se.
Digo-lhe muitas vezes que quando crescer quero ser como ele.
Mas responde-nos de maneira categórica.
Nunca queiram ser como eu, tentem ser muito melhores!
Por tudo isto, ele nunca aceitou ser o nosso ídolo.
Mas incontornavelmente, será sempre a nossa maior referência.
Sou um blog feliz, por vos dar tanto de mim.
Agradeço que me consumam de fio a pavio, estou certo que entre lágrimas e sorrisos, sobra sempre uma boa lição de vida!
São meus convidados para conhecer a minha aldeia, e o meu mundo de fantasia.
Podem dar um passeio no meu cavalinho de madeira ou no carrinho de rolamentos
Jogar ao pião, ou mascar as chiclas gorila.
Podem sentar no chão e fazer lego, viajar até à fraga altar da minha aldeia!
São títulos de algumas das muitas histórias, que podem ler aqui!
Disfrutem!
Conheçam-me bem, e deixem as críticas que vos aprouver fazer, com elas aprendo e claro, cresço.
Da minha parte, aconchego-vos sob A MINHA MANTINHA!

 

 
A_MINHA_MANTINHA

 

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

QUEM É O MEU ANO NOVO!


 
Cabelos de sabedoria.

Olhos de bondade e esperança.

Boca de verdade e justiça.

Braços de união e alegria.

Mãos de carinho e solidariedade.

Tronco de amor e felicidade.

Passos de determinação.

Este é o meu ano novo!!!

 

 DIOGO_MAR

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O MEU PINHEIRO DE NATAL


 
Raízes de felicidade


Tronco de união


Ramos de amor e solidariedade


Luzes de esperança.


Este é o meu pinheiro de natal!!!



DIOGO_MAR

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

UM NATAL MAIS QUE PERFEITO


 
Lembro aquele natal inesquecível, foi o mais terno e feliz, que a minha família podia ter.
O processo de guarda do Rodrigo, requerido pelos meus Pais junto do tribunal, ficando com a sua custódia, finalmente teve o seu epílogo.
Os meus Pais, em conjunto com o nosso advogado, interpuseram recurso, devidamente fundamentado, de forma categórica e inequívoca, rebatendo a primeira tomada de decisão, que não nos tinha sido favorável.
Reuníamos todas as condições, socioeconómicas, para ficar-mos com o Rodrigo.
Além disso, era-mos uma família solidamente estruturada.
O meu Pai, sabia muito bem esgrimir os seus direitos de Padrinho, e não se deixava vencer facilmente.
Tudo se resume, a uma questão de carater e personalidade, que sou orgulhosamente herdeiro.
Era um homem determinado na luta e defesa das causas.
Esta, era do afilhado, de quem tanto gosta.

A prepotência ditatorial do homem, e das leis, não podem padecer de tão profunda e cruel cegueira.
Acredita em nós Diogo.

Estas palavras e a forte convicção dos meus Pais, deixavam-me tranquilo.
Eu não tecia comentários, sobre o assunto ao Rodrigo, para não lhe elevar, os índices de ansiedade, tinha receio, que cometesse algum ato irrefletido.
Dado adquirido, ninguém da aldeia e da escola, aceitavam que ele fosse para uma instituição, a começar pelo Rodrigo.
Por tudo isto, eu era muito contido no que concerne a esta matéria.
Eram as instruções, que os meus Pais me tinham dado.
Não lhe devia alimentar, falsas espectativas.
Dizia-lhe sempre para ter esperança.
Ele andava muito revoltado, pelo empasse em que estava a decisão, do recurso entreposto.
Mas depositava nos meus Pais, toda a confiança, e desabafava dizendo.

Diogo, só os Padrinhos me podem salvar.

Eu todas as noites, rezava para que tudo corresse a nosso contento.
Fiz uma promessa à Santa Rita, dar-lhe nove velas, tantas como a idade do Rodrigo.
Pedia-lhe, para nos ajudar a ganhar esta questão, e dessa forma dar-me, o irmão que eu tanto queria.
A minha Mãe, depois da gravidez de alto risco, a quando da minha gestação, ficou impossibilitada de ter mais filhos.
Um de nós esteve a morrer, mas felizmente estamos cá os dois, e muito felizes.
Tenho a melhor Mãe do mundo, e eu tudo faço para ser um bom filho.
Ao fim de uma luta titânica, por parte dos meus Pais, fazendo valer o grau de parentesco de Padrinhos, tudo chegou a bom porto.
Foi um processo que esbarrou em vários obstáculos, já que o tribunal, mostrava-se intransigente, em abdicar da decisão de institucionalizar o Rodrigo.
Todos sofremos muito com esse fantasma a pairar sobre as nossas cabeças.
Era uma guilhotina, que a qualquer momento podia decepar a vida do Rodrigo, ferindo de morte, no seu amor-próprio, e a nossa, pelo amor que todos lhe temos.
A frieza e por vezes indiferença, que as mais altas instâncias, abordam e tratam, estes processos, são execráveis.
Eu sempre acreditei, na capacidade e eficiência do meu Pai, e do advogado a conduzir este assunto, tão melindroso.
Por vezes via-o, de semblante carregado, quando lhe preguntava como ia o processo.
Ele era lacónico na resposta, outras vezes algo evasivo, Evitando o meu sofrimento.
Estava ciente da importância que eu dava a adoção do Rodrigo.
O meus Pais sempre me diziam.

Diogo, mantém a calma, tudo está a ser feito com o intuito de trazer para nossa casa definitivamente o Rodrigo.
Temos de dar tempo, ao tempo.
Saber esperar é uma virtude, e devemos saber lidar com isso.
Escuta bem filho.
Faz disto um lema de vida.
Contra a teimosia, nada melhor que a persistência.

Estávamos pela primeira semana de dezembro quando chegou a resposta pela boca do advogado.
Deslocou-se a nossa casa, reunimos na sala.
Aquele hiato de tempo, de abrir a pasta, pegar nas folhas, foram minutos transformados em horas.
Os meus Pais, transpareciam uma calma aparente, eu estava mais tenso.

Diogo, o Rodrigo é teu irmão.
Ganhamos o recurso.
Foi dado o veredito final.

Eu não cabia em mim de felicidade.
O sonho de ter um irmão, realizava-se.
Saltei do sofá, gritando.
Ganhamos ganhamos ganhamos.
Abracei os meus Pais a chorar de alegria.
Com tanta emoção, só sabia agradecer-lhes.
Vi lágrimas nos olhos dos meus Pais.
O semblante do advogado, transparecia felicidade, pelo dever cumprido.
Terminava ali, o caminho tormentoso do Rodrigo, e Os maus tratos, que o Pai, lhe infligia, e o calvário deixado, pelo abandono da Mãe.
Agora juntos, Íamos desbravar novos horizontes, para um traçado de vida em comum.
Partilhar os mesmos Pais, a mesma casa, a mesma mesa e as mesmas brincadeiras.
Deixei que fossem os meus Pais a darem a notícia ao Rodrigo.
Foi no almoço de sábado em minha casa, que lhe foi transmitido, tão ansioso desfeche.
Os olhos tinham um azul cintilante, sedentos por saber qual o destino que o esperava.
Estava de rosto algo fechado, vi-lhe muito medo, daquele momento.
Foi então que o meu Pai, disse.

Rodrigo, este natal vai ser diferente.

Aquela pausa, parecia infindável.

Como assim Padrinho?

Esta casa é tua, o Diogo é teu irmão, nós os teus Pais.

Caiu no choro convulsivo, abraçado a mim, dizia: finalmente somos irmãos!
Não cabia nele, de tanta euforia.

Somos irmãos Diogo!
Deus existe!
A Santa Rita também!

Abraçou o meu Pai dando-lhe um beijo.
Obrigado Padrinho, és um herói.

Rodrigo, não há heróis, à sim, garra e determinação, de lutar pelos nossos objetivos.

Acabou no colo da minha Mãe, momento carregado de enorme singularidade, e afeto.
Já não se lembrava, de ser acolhido, pelo único e melhor regaço do mundo, o de Mãe.

Adoro-te Mãe.
Agora não vos trato por Padrinhos, mas sim por meus Pais.
Tudo vou fazer, para vos retribuir e agradecer, todo o empenho na defesa desta minha causa.
Saberei estar a altura, da aposta que fizeram, e do investimento que vão fazer em mim.
Obrigado Pai, Mãe e mano, aquece-me o coração, poder prenunciar estes nomes.

Rodrigo, vamos-te ministrar os mesmos padrões educacionais do Diogo.
A partir de hoje, tens os mesmos direitos e obrigações do teu irmão.

Sim Pai, é justo que assim seja.

A minha Mãe afagava-lhe o rosto, e cobria-o de beijos, da forma carinhosa que eu bem conhecia.
Fui inundado por uma inusitada felicidade.

Bom, meninos, sabem qual vão ser as vossas tarefas para esta tarde?

O quê Pai?

Preparar o quarto do Rodrigo, e depois uma surpresa.

Qual?

Vamos todos fazer a nossa árvore de natal, este ano ela reveste-se de um significado, redobrado e especial.

Boa, o pinheiro de natal vai-se chamar Rodrigo!

Não Diogo, vamos é deitá-lo no presépio!

Gracejou o meu Pai.
Soltamos em coro, uma sonora gargalhada.
Respirava-se um ar pleno de felicidade.

Agora meninos, acabou o secretismo relacionado com o processo do Rodrigo.
Quanto aos trâmites que faltam, nos próximos dias tudo ficará concluído.
Já podem dizer na aldeia, e na escola que ele está definitivamente em nossa casa, e que faz parte integrante da nossa família.
Assim se faz o natal!!!

 

DIOGO_MAR